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Faz tempo que se utiliza a grafia do nome do nosso país com "z" - “Brazil” como um símbolo da influência estrangeira . São muitas as referências ao tema. Algumas vem da música, respectivamente uma bossa cantada pela improvável dupla Rita Lee e João Gilberto “Meu Brasil é com s” e a música do Aldir Blanc “Querelas do Brasil” interpretadapela Elis numa gravação insuperável(veja as letras dessas músicas no final da crônica).
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Entretanto, de acordo com pesquisas históricas, “Brazil” grafado com “z” não foi uma invenção estrangeira, mas sim nossa. A forma de grafar o Brasil com "z" foi utilizada no decorrer da nossa história alternadamente com o "s". O que não existiu por muito tempo foi uma padronização pois não tínhamos nem mesmo uma Academia Brasileira de Letras e apenas em 1945 Brasil e Portugal acertaram um acordo ortográfico que incluiu adotar oficialmente o Brasil com "s". Como uma boa parte do mundo já tinha impresso documentos com "z", ficou assim. A prova está numa reprodução inserida abaixo de uma cédula de mil réis anterior a 1917 na qual pode-se ler “República dos Estados Unidos do Brazil”.
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Os companheiros de geração devem se lembrar (1960, el tiempo pasa amicos!) o quanto nossos pais nos enrolaram com a expressão “O Brasil é o país do futuro”. Qualquer deficiência nacional nos últimos quarenta e tantos anos era resolvida em última instância, sem direito a réplica, com a surrada frase. O tempo passou e por incrível que pareça nossos pais não estavam tão errados assim, se por um lado falta muito para o Eldorado prometido com leite e mel escorrendo pelas torneiras, por outro não vamos tão mal assim, se não somos o país do futuro ,pelo menos a coisa promete ficar no empate, o que para a surrada auto estima nacional, já e lucro.
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Os problemas atuais do Brasil nem são relacionados ao Brazil, para utilizar a referência. A economia vai dando sinais de desenvolvimento, temos um momento histórico singular no qual a família média brasileira conta com uma configuração de renda bastante favorável, as políticas sociais diminuem gradativa mas continuamente o detestável desnível de classes. Ou seja, as plataformas para a construção de um futuro viável estão todas em cena. Assistimos recentemente até mesmo o que poderia ser considerado um delírio surrealista há cerca de uma década – oferecer ajuda ao FMI! Uma notícia como essa seria motivo de uma guia de internação em qualquer hospício para o jornalista. Hoje, virou fato.
Decepcionante e retrógada continua sendo mesmo a nossa classe política. Para esses, nem Brasil, nem Brazil, é Brasiú mesmo. Nunca a roubalheira foi tanta e tão descarada. Somos espectadores de um descaramento sem precedentes na história recente na refinada arte de apropriar-se do alheio, “apropriar-se” no caso um eufemismo para “roubar” e “alheio” para o seu, o meu e o nosso dinheiro pago em impostos que se esparramam feito carrapicho pelos produtos e serviços consumidos ou desejados por toda a nação. Se fosse o caso de aplicar leis severas como se faz em alguns países árabes e cortar a mão dos infratores, os espetáculos artísticos em Brasília iam ser todos cancelados por falta de público apto a bater palmas.
Por essas e outras, talvez tenhamos que dizer aos nossos filhos quando perguntados sobre a roubalheira cotidiana que a mídia estampa em nossas casas –” Não tenha pressa, O Brasil é o país do futuro” ou pior, reproduzir a frase que certa vez li num muro e que volta e meia ressurge mais atual do que nunca ´”A solução para o Brasil é devolver para os índios e pedir desculpas”
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(João Gilberto)
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-Letra de Brasil com “s” (João Gilberto)
Quando Cabral descobriu no Brasil o caminho das Índias
Falou ao Pero Vaz para Caminha escrever para o rei
Que terra linda assim não há com tico-ticos no fubá
Quem te conhece não esquece meu Brazil é com S.
O caçador de esmeraldas achou uma mina de ouro
Caramuru deu chabu e casou com a filha do Pajé
Terra de encanto, amor e sol,
não fala inglês nem espanhol
Quem te conhece não esquece meu Brazil é com S.
E pra quem gosta de boa comida aqui é um prato cheio
Até Dom Pedro abusou do tempero e não se segurou
Oh, natureza generosa, está com tudo e não está prosa
Quem te conhece não esquece meu Brazil é com S.
Na minha terra onde tudo na vida se dá um jeitinho
Ainda hoje invasores namoram a tua beleza
Que confusão veja você, no mapa-múndi está com Z
Quem te conhece não esquece meu Brazil é com S.
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(Maurício Tapajós e Aldir Blanc)![]()
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Letra de “Querelas do Brasil” (Maurício Tapajós e Aldir Blanc)
O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapi, jabuti, liana, alamandra, alialaúde
Piau, ururau, aquiataúde
Piau, carioca, moreca, meganha
Jobim akarare e jobim açu
Pererê, camará, gororô, olererê
Piriri, ratatá, karatê, olará
O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil
Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha
Sertões, guimarães, bachianas, águas
E marionaíma, ariraribóia
Na aura das mãos do jobim açu
Gererê, sarará, cururu, olerê
Ratatá, bafafá, sururu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Tinhorão, urutú, sucuri
O Jobim, sabiá, bem-te-vi
Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Pari, olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Do Brasil S.O.S. ao Brasil


Meu Brasil também é com s...
ResponderExcluirSaudades de vocês, viu? Apareçam!
Feliz 2010...
Bjsss
Oi Flá,
ResponderExcluirA gente só se comunica através da blogosfera, né? Precisamos mesmo marcar um bate-papo ao vivo e a cores! Bjs e Feliz 2010 para você e sua adorável família.
Katia e Adilson